O primeiro futebol da Konami foi lançado para MSX em 1985 com o nome de Konami Soccer, um game que tinha
jogabilidade limitada e cujo gramado não obedecia a proporção das dimensões
oficiais. A segunda investida da empresa no gênero foi em 1992, com o
lançamento de Konami Hyper Soccer para o Nintendinho,
título que fazia parte de uma série de jogos de esporte, que contava ainda com
títulos como Track and Field. Apesar de não ter
sido um sucesso absurdo (Goal era muito mais popular no NES), preparou o
terreno para investidas mais ambiciosas.
Em 1994, os donos de Snes foram brindados com Jikkyō World Soccer: Perfect Eleven, que ganhou o nome de International Superstar Soccer no ocidente. O game foi uma
verdadeira revolução: os gráficos, pela primeira vez, pareciam retratar seres
humanos de verdade, em vez dos pequenos bonequinhos mal articulados que eram
vistos em jogos comoFormation Soccer e nos primeiros FIFAs. Além disso, os movimentos eram reais e a jogabilidade fluía bem,
permitindo a execução de dribles,
pedaladas e embaixadinhas. Perto deSuperstar Soccer, os outros jogos de futebol pareciam peladas de
várzea.
Logo depois, saiu uma atualização: International Superstar Soccer Deluxe conseguia ser ainda mais perfeito que seu antecessor, melhorando a
inteligência artificial da CPU, apresentando mais animações dos personagens e
facilitando chutes com efeito nas cobranças de faltas e escanteios.
A franquia Superstar Soccer ainda teve uma excelente versão para o Nintendo 64, que foi lançada
em 1997. No ano seguinte, saiu ISS ’98, já com grandes mudanças nos nomes dos jogadores e na mecânica das
bolas paradas. Na virada do milênio, foi lançadoSuper Star Soccer 2000 para o mesmo console, e em 2002 e 2003 sairam versões obscuras do game
para o Playstation 2 – porém, o console da Sony já estava tomado por outro game da mesma empresa, o incrível Winning
Eleven.
Mas não vamos pular etapas: antes de chegar ao PS2, a Konami arriscou jogadas no primeiro console da Sony, enfrentando
concorrência digna de final de Brasileirão pelo título de melhor futebol dos 32
bits.
Fim do
primeiro tempo!
Apesar do clichê popular de que “não se mexe em time que está ganhando”,
a Konamiresolveu fazer mudanças significativas para a estréia do seu futebol no PSOne. Seguindo a moda
do console, os sprites foram abandonados para dar lugar a gráficos poligonais.
Surgia assim em 1996 a franquia Winning Eleven, com o lançamento
de World Soccer WE.No ano seguinte, J-League Jikkyō Winning Eleven 97, foi lançado
apenas na terra do sol nascente contando com os times da J-League, o campeonato
japonês. O game foi localizado para o ocidente com seleções mundiais, ganhando
o nome de Goal Storm nos EUA e International Superstar Soccer Pro na Europa.
O game enfrentou concorrência forte da sérieWorldwide Soccer, do Sega
Saturn, que tinha gráficos mais bonitos. Por isso, aKonami contra-atacou em 98, lançandoInternational Superstar Soccer ’98, que ficou conhecido como Winning
Eleven 3 no Japão. Este game não era
licenciado, mas contava com imitações de craques e estádios famosos, como o Stade de
France, palco da final da copa do mesmo ano.
A próxima atualização do game já começou a apresentar o esboço do título
que hoje estampa todos os games da franquia: ISS Pro Evolution, que saiu em 1999,
se apresentava como uma “evolução” do tradicional Superstar Soccer. Pro Evolution 2,
que corresponde a Winning
Eleven 2000, foi lançado logo em seguida ainda para o Playstation um, preparando
terreno para a grande virada da Konami a caminho da hegemonia nos gramados
dos videogames.
Como a laranja mecânica de Cruyff, a Konami conseguiu dar um baile na concorrência noPlaystation 2. A estréia da
série no console também foi o primeiro game a receber o título dePro Evolution Soccer, que correspondia
ao Winning Eleven 5 japonês.
Utilizando o potencial do novo hardware, a série ganhou gráficos mais
realistas e com menos serrilhados. Os goleiros ficaram mais espertos, e fazer
gols passou a ser um pouco mais complicado, contrastando com os placares
extremamente elásticos dos jogos anteriores. Além disso, este jogo já contava
com 53 seleções e 32 clubes licenciados, acabando de vez com as paródias de
jogadores presentes em títulos anteriores.
Depois deste game, a Konami ganhou de goleada:
praticamente não se falava em outro jogo de futebol durante o reinado da série PES no Playstation 2. O game virou
sinônimo de futebol virtual, ganhando atualizações anuais que vendiam como água
nos grandes magazines e até nas barracas de camelôs.
Pro
Evolution Soccer 2 (Winning Eleven 6) saiu em 2002 para PS2, Gamecube e também para PSOne. O game seguinte –
que, em vez de jogadores famosos, trazia a careca reluzente do juiz Pierluigi
Collina na capa – trouxe melhorias na jogabilidade e um novo motor
gráfico.
PES 4, de 2004, aumentou
a quantidade de times selecionáveis para 200, trazendo as principais seleções
do mundo e licença de grandes campeonatos nacionais, como a Liga Espanhola e a
Serie A italiana. Porém, outros campeonatos importantes, como a Premier League
e a Bundesliga, apesar de constarem no game, não tinham adaptações
oficiais.
A atualização seguinte contou com uma novidade: no Playstation 2, Pro
Evolution Soccer 5trouxe pela primeira vez um modo on line , permitindo que jogadores de
diferentes países disputassem ao redor do globo. Além das partidas
internacionais, PES 5 também tinha leaderboards: o progresso do jogador era salvo no servidor
do jogo, que colocava todos os competidores do mundo num ranking global,
separando os gamers em cinco divisões, de acordo com o progresso do seu time no
jogo.
O dia 27 de outubro de 2006 marcou o ponto alto da franquia, com o
lançamento de Pro Evolution Soccer 6, ou Winning
Eleven 10. Foi o primeiro jogo da série a chegar na nova geração de consoles,
tendo uma versão para Xbox 360 onde a física da
bola era muito mais realista do que no PS2. Modos clássicos como a Master
League retornaram, e esta versão também marcou a estréia do International
Challenge, um desafio onde o jogador assume o controle de uma seleção mais
fraca e precisa se classificar para competições internacionais – este recurso
já estava presente nas versões japonesas do game, mas pela primeira vez chegou
ao ocidente.
Cedendo o
empate nos acréscimos…
Porém, apesar de ter sido o time dos sonhos no PS2, Pro
Evolution Soccer fez um gol contra nos consoles da
nova geração. O primeiro jogo multiplataforma para todos os videogames modernos
foi Pro Evolution Soccer 2008, marcando a mudança da numeração da
série, que passou a adotar anos em vez das versões como critério – assim como
seu concorrente FIFA.
Mas as novidades basicamente pararam na embalagem, já que o jogo
mantinha o mesmo esquema das versões anteriores – com isso, a franquia perdeu
terreno, já que a EA
Sportsvinha implementando melhorias cada vez mais significativas nos seus
jogos, que já a partir deEuro 2008 apresentavam gráficos e jogabilidade melhores que os da série PES.
Quando Pro Evolution 2009 foi lançado, a Konami tentou se aproximar da concorrência copiando modos de jogo que haviam
sido incorporados pela rival: o novo “Become a Legend” já estava enraizado nos FIFAs como “Be a pro”. Outro ponto positivo foi que a Champions League havia
sido totalmente licenciada, mas ainda assim PES apresentava menos
clubes e atletas reais que a concorrência. Mesmo assim, estava claro que a Konami não largaria sua galinha dos ovos de ouro: até 2009, seus games de
futebol haviam vendido mais de 56 milhões de cópias em todo mundo.
Assim, o nono jogo da série PES, Pro Evolution Soccer 2010, foi lançado em 23
de outubro de 2009. Porém, o título empalidecia perto de FIFA 10. A esta altura,
apenas os fãs mais hardcores não reconheciam a inegável superioridade do rival,
que aproveitou o embalo da copa do mundo para lançar um título especial da Copa
da África, deixando os problemas de licenciamento da Konami ainda mais evidentes.
O jogo mais recente da série saiu em outubro do ano passado. PES 2011 conseguiu fechar um
acordo com a UEFA e a CONMEMBOL, trazendo as duas
competições de clubes mais importantes do mundo: a Champions League e a Copa
Libertadores. Por conta disso, teve um bom desempenho no mercado sulamericano,
mas ainda assim alguns bugs de jogabilidade extremamente irritantes (como aquele
passe pra fora após a cobrança dos laterais) deixavam claro que a Konami podia ter caprichado mais dentro das quatro linhas.
O problema é que a derrocada do PES não foi apenas por
falta de capricho – faltou inovação também. Seus vários títulos vem, ao longo
dos anos, apresentando um constante mais do mesmo. A única revolução da
franquia em mais de uma década aconteceu no Nintendo Wii, que teve versões bem particulares
dePES: uma jogabilidade
exclusiva, utilizando oNunchuck e o Wiimote, tornava possível
o controle de mais de um jogador ao mesmo tempo, facilitando tando a ofensiva
(passes, lançamentos e cruzamentos eram feitos com um clique) quando na defesa,
já que com um gesto era possível fazer linha de impedimento para conter quem dependia
muito do “chuveirinho”.
Depois de trabalhar tanto a jogada, a Konami não pode simplesmente mandar pra fora na cara do gol – por isso, a empresa anunciou uma série de melhorias para Pro Evolution Soccer 2012: inteligência artificial, física dos jogadores e da bola, velocidade e animações foram todas aprimoradas. Acabou também a apelação das roubadas de bola impossíveis, e agora o posicionamento dos atletas em campo ganhou uma importância maior, graças a um novo sistema de controle que permite se livrar da marcação com mais facilidade, abrindo um leque de possibilidades na criação de jogadas.
Se depender da Konami, o título de
melhor game de futebol dos videogames não será entregue nesta geração – se a
empresa conseguir revolucionar os conceitos que sustentaram a franquia, é bem
provável que a decisão seja nos pênaltis, isto é, no "Playstation 4" e "Xbox 720".